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Sexta-feira, 01 de novembro de 2024







Vale diz que barragem em Barão de Cocais pode romper até domingo

Um documento enviado pela Vale ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) diz que abarragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), pode se romper nos próximos dias. O MP informou nesta quinta-feira que foi notificado pela empresa sobre risco de ruptura a partir deste domingo do talude norte da cava da barragem. O órgão recomendou à mineradora que a empresa adote imediatamente uma série de medidas para deixar claro à população local os riscos a que ela está sujeita.

Caso o talude se rompa, as vibrações podem ocasionar o rompimento da estrutura. De acordo com o documento enviado pela Vale ao MP, caso a movimentação do talude continue no ritmo atual ele pode se romper entre os dias 18 e 25 deste mês.

O MP de Minas requer que a empresa comunique, por meio de carros de som, jornais e rádios, “informações claras, completas e verídicas” sobre a atual situação da barragem, os possíveis riscos, potenciais danos e impactos de um eventual rompimento às pessoas que moram na região.

Além disso, o MP pede ainda que a empresa mantenha um posto de atendimento 24 horas nas proximidades dos centros das cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo, que podem ser potencialmente atingidas. O MP recomenda ainda que a Vale providencie ainda uma equipe multidisciplinar preparada para acolhimento, atendimento e atuação rápida e pronta a serviço dos cidadãos em caso de rompimento. Caso a mineradora não adote as medidas, uma ação civil pública poderá ser movida pelo órgão na Justiça.

A Vale diz que intensificará a veiculação de informações em rádios da região e por meio de panfletagem. Além disso, realizará um novo simulado de evacuação neste sábado para reforçar o treinamento da população de Barão de Cocais.

“Cabe ressaltar que não há elementos técnicos até o momento para se afirmar que o eventual escorregamento do talude Norte da Cava da Mina Gongo Soco desencadeará gatilho para a ruptura da Barragem Sul Superior.  Mesmo assim, a Vale está reforçando o nível de alerta e prontidão para o caso extremo de rompimento”, diz a Vale.

A Barragem Sul Superior está em nível 3, o mais crítico para risco de rompimento, desde 22 de março, e a Zona de Autossalvamento, próxima a barragem e que não receberia ajuda em tempo hábil em caso de rompimento, já havia sido evacuada preventivamente em 8 de fevereiro. A estrutura tem volume de 6 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, segundo a reguladora ANM.

 

A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) de Minas Gerais já foi informada sobre os riscos de rompimento. Segundo a Defesa Civil, no dia 8 de fevereiro, quando a barragem atingiu o nível 2 de emergência, 443 pessoas e cerca de 3 mil animais foram retirados das zonas de autossalvamento e encontram-se hospedados fora do local.

No dia 25 de março, a Defesa Civil também realizou treinamento com 3.626 moradores que residem na Zona de Salvamento Secundário (ZSS), região que fica após 10 quilômetros ou 30 minutos do ponto de possível rompimento da barragem.

O órgão do governo de Mina encaminhou uma equipe para a região para se certificar que não há moradores nas áreas de risco e se reuniu com o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Defensoria Pública do Estado, secretarias municipais e moradores da região para avaliar a necessidade de outras medidas.

A estrutura em Cocais — do mesmo tipo da de Brumadinho que se rompeu em 25 de janeiro — está entre as dez que a Vale pretende eliminar. Ela foi construída pelo método de “alteamento a montante”, considerado ultrapassado e menos seguro do que outras alternativas existente.

As ações da Vale passaram a cair nesta quinta-feira, com notícias sobre os riscos apontados pelo Ministério Público, e fecharam com queda de 3,2%. A baixa nas ações da Vale também levaram à queda de 2% da Bolsa de Valores.

Nesta semana, a mineradora informara que foi identificada movimentação na estrutura da mina, paralisada desde 2016.

“A empresa Vale estima que, permanecendo a velocidade de aceleração de movimentação do talude norte da cava da mina de Gongo Soco, sua ruptura poderá ocorrer no período de 19 a 25 de maio de 2019, gerando vibração que poderá ocasionar a liquefação da barragem Sul Superior e sua consequente ruptura”, disse o documento do Ministério Público.

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