Moradores da região Leste de Porto Velho, que procuraram atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no período da manhã de ontem, foram obrigados à se deslocarem para outras unidades de saúde da cidade depois que os médicos plantonistas não foram trabalhar no local, alegando falta de pagamento dos plantões extras.
O diretor da UPA, Manoel Ramos, confirmou a falta de profissionais no período da manhã no local. “Estava no Tribunal de Justiça quando me ligaram da UPA informando que não tinha médicos para atender a população. Só havia um profissional para realizar os trabalhos na sala vermelha, reservada para os pacientes em estado grave”, esclareceu o diretor.
De acordo com Manoel Ramos, o pagamento dos plantões extras foram suspensos pela prefeitura após a descoberta de médicos fantasmas na folha de pagamento, ou seja, que recebiam salários sem trabalhar.
“O Ministério Público já está ciente desses casos. Apenas na UPA da zona Leste detectamos nove médicos que moram no Acre, Guajará-Mirim, São Paulo, Brasília entre outras cidades e até no exterior, recebendo pagamento. Dessa forma o prefeito suspendeu parte dos salários para investigar a situação”, afirmou o diretor.
Os médicos identificados serão convidados a se explicarem na Justiça e até devolver o dinheiro recebido nos últimos anos, sem trabalhar. “Para ter uma noção a prefeitura pagava R$ 300 mil por mês de plantões extra, mas nos últimos tempos esse valor saltou para R$ 1.3 mi. Esse foi o motivo pelo qual o prefeito resolveu suspender temporariamente esses pagamentos”, finalizou Ramos.
Demora
A tarde, a equipe do Diário compareceu na UPA e presenciou cinco médicos atendendo. Mesmo assim, a estudante Franciele Pereira Vasquez esperou por uma hora para ser atendida. “Fiz a triagem mas até agora não fui atendida por nenhum médico. Acho que deve ser porque acumulou os pacientes da manhã com os da tarde”, calculou Franciele.
A dona de casa Maria do Socorro esperou mais de duas horas por atendimento quando foi informada que ainda não havia previsão. “Estou aqui desde às 14h, já passa das 16h e ainda tem muita gente na minha frente. Toda vez que venho aqui é essa demora”, disse. (Paulo dos Santos)
Atendimento
Deve voltar ao normal
De acordo com o titular da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), Domingos Sávio, o prefeito Mauro Nazif autorizou o pagamento dos profissionais e os trabalhos devem voltar ao normal hoje. “Essa é a principal reivindicação da categoria e o prefeito já autorizou o pagamento dos plantões extras de junho, julho e agosto que estão pendentes. Na próxima quinta-feira teremos uma reunião para encontrar uma solução para este problema”, destacou.
Nesta amanhã um encontro entre Semusa e segmentos da saúde deve debater a situação no município. Ainda de acordo com ele, em caso de nova paralisação a Semusa irá enviar médicos de outras UPAs para atender a zona Leste.
