Gessi Taborda – [email protected]
LAMENTÁVEL
Bastou ficar um dia abatido (novamente) por uma forte gripe para ser outra vez assombrado por mais uma nítida ação de retaliação à imprensa dita de oposição ao governo. Como jornalista de longas décadas, que sentiu na pele como era difícil exercer a profissão nos chamados “anos de chumbo”, fiquei preocupado com o aumento dos movimentos supostamente realizados a partir da intolerância de Confúcio e seus beleguins para amordaçar a mídia alinhada com a oposição. É asquerosa a ação que prendeu uma executiva da empresa responsável pelo site “Rondoniagora”.
Esse tipo de retaliação política agride frontalmente a liberdade de expressão, constituindo-se em mais uma tentativa do governo do peemedebista Confúcio Moura no controle do conteúdo da informação livre, como garante a Constituição brasileira.
CADEIA
Quem poderia imaginar que um governo eleito pelo compromisso de defender e ampliar a democracia em Rondônia agiria de forma tão desleal e truculenta contra os símbolos da oposição no estado, buscando controlar pela força e com a intimidação da polícia aqueles impossíveis de ser amestrados na distribuição do dinheiro público carimbado para o pagamento de “publicidade”.
Lamentável para o estado de Rondônia tendo à frente de sua pasta de Segurança um personagem pronto a cortar as asinhas do que resta de oposição ao governo.
O método de meter na cadeia pessoas sem nenhuma nódoa daquelas que o próprio governo foi pegando em sua primeira (e possivelmente) única gestão, utilizado agora contra o site Rondoniagora, pode ser repetido “àBESSA” contra outros veículos não amestrados, mas certamente não deverá acontecer contra membros do clã governamental apontados a beça em atitudes antirrepublicanas. Esses, nessa “bessarábia” , estão mais para sultãos e devem até mandar no “Bessinha”, que não só manda prender, mas também faz ameaças a quem não deitar loas sobre seu chefe.
MILÍCIA
Não chega a ser surpresa o rumo adotado por Confúcio. Ele é mais um governador do PMDB com a síndrome da rápida decadência política. O governador ainda não “morou” na filosofia que conduziu ao limbo eterno da política outros nomes de seu partido, tais como Ângelo Angelim e o próprio Jerônimo Santana. Por isso (sem perceber) segue o mesmo caminho.
Não será fazendo de parte da gloriosa instituição militar do estado uma espécie de milícia, pronta para o que der e vier para satisfazer o ego governamental, que o governo vai pôr fim à falta de objetividade e de sua característica de letargia total.
ALOPRADOS
Uma recente declaração da vereadora de Ariquemes (uma senhora de meia idade), Rosa Pereira, conhecedora de perto do governador que foi prefeito em sua cidade, é muito esclarecedora do efeito dos aloprados do governo sobre Confúcio. “Confúcio Moura é um governo que não manda”. E depois dessa declaração a vereadora continuou: “Estive com ele (o governador) na Expoari, ele com aquele seu jeito meigo e sorriso no rosto tentou me enganar, não cobrei nada dele, porque não adianta, tudo que ele promete não cumpre, coloca no seu Governo pessoas que não têm compromisso com Ariquemes, esse Governador e esse Governo são uma vergonha para a nossa cidade e o nosso Estado”.
E sem papas na língua, a vereador acabou registrando sua enorme indignação com o ex-prefeito de sua cidade, que chegou ao governo estadual: “Sou apenas uma vereadora, mas tenho vergonha de aparecer ao lado do Governador Confúcio Moura, uma pessoa sem compromisso nenhum com Ariquemes, que não manda nada, ao contrário, é comandado por outras pessoas, isso é triste e desolador”.
DESGASTE PLENO
Goste-se ou não do Confúcio, é preciso lembrar que ele conseguiu se eleger num cenário extraordinário. Durante a campanha conseguiu catalisar esperanças de dias melhores, especialmente do segmento dos servidores públicos.
Ao chegar ao governo, Confúcio revelou fraquezas típicas de quem se deslumbra pelo poder.
Hoje está com a roupagem do político utilitarista dentro de uma redoma de vidro, onde um séquito do tipo desse Bessa acaba revelando fraquezas e expondo as vísceras de um governante comum (como aquele que evita o confronto de ideias e de ideologia), daqueles que preferem pedir ao povo para esquecer o que ele falava em palanque.
Foi pelo desgaste que o próprio chefe do PMDB rondoniense – ao contrário de apoiar a reeleição – preferiu lançar uma opção para a disputa de 2014 completamente fora dos quadros tradicionais do PMDB.
CRISE PARTIDÁRIA
A anunciada opção de Raupp (lançando Mário Português como melhor nome para defender bandeira do PMDB na corrida palaciana) revela a ponta da grande crise partidária na agremiação do governador Confúcio.
E nessa politicalha em que muitos personagens agem como em cima do muro ou vendendo suas representatividades por alguns cargos comissionados, o eleitor fica cada vez mais desacreditado da utilidade do voto, das possibilidades à sua disposição para uma escolha consequente.
Quem poderia imaginar que o governador Confúcio (que ao contrário do irmão Nobel, teve uma atuação exemplar na Câmara dos Deputados) avalizaria algo imoral e vergonhoso, como ações da polícia para intimidar adversários? Pelo visto nem mesmo a simples vereadora de sua cidade.
EXEMPLOS
As notícias dessa semana podem servir de alerta para o governador rondoniense. Aí estão decisões da Justiça condenando, depois de muito tempo, Ernandes Amorim, uma figura facinorosa que durante anos foi a grande liderança de Ariquemes.
Outra notícia mostra que a impunidade é uma ilusão. Roberto Sobrinho, o ex-prefeito da capital, de onde saiu com o apelido de Roberto Ali-Babá, também sofreu nova condenação cumprindo a sina tanto anunciada aqui na coluna, que sempre condenou sua roubalheira.
Certamente se Confúcio continuar na mesma senda morrerá na praia em dia de frio gelado, ou seja, está perdendo sua credibilidade com um governo que segue seu antecessor na montagem de feitiços que podem se virar contra o feiticeiro.
