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Terça-feira, 01 de outubro de 2024







Mário Português: “Estou preparado para ser governador de Rondônia”

Por Carlos Araújo

 

A um ano das eleições gerais de 2014, o TUDORONDONIA.COM.BR inicia, a partir desse final de semana, uma série de entrevistas com os principais nomes e personalidades que poderão vir a figurar como candidato a um dos vários cargos que estarão em disputa. Será uma entrevista a cada semana, objetivando levar ao conhecimento da sociedade o perfil e a personalidade dos homens que almejam alcançar um cargo público através do voto.

Depois de acurada análise editorial, o tudurondônia.com.br optou por abrir essa série com o empresário Mário Português, considerando seu desempenho nas eleições para prefeito de Porto Velho no ano passado e pelas suas declarações de que não disputará cargo que lhe faça sair de Rondônia. Com essa afirmação, Português deixa claro que só aceita disputar uma eleição para governador do Estado ou prefeito da capital.
Nesta entrevista ao jornalista Carlos Araújo, Mário Português analisa a situação de Porto Velho, o contexto estadual e, filiado ao PMDB, avisa que está preparado para ser governador de Rondônia. Ele reclama do desempenho do prefeito Mauro Nazif, a quem acusa de estar transformando Porto Velho em um anti-cartão de visita do Estado, e garante que, se for candidato, bancará a campanha com seu próprio dinheiro, para evitar que, depois de eleito, sofra pressão daqueles que gostam de fazer estripulias com os recursos públicos.
Ainda cicatrizando algumas feridas das eleições do ano passado, em que diz ter sofrido deslealdade de alguns concorrentes, Mário Português acentua que, em uma eventual  administração sua, não haveria lugar para corrupção.
Então como o senhor aceitou se filiar ao PMDB, um partido que tem um deputado preso em Brasília, outro preso em Rondônia, outro (ainda solto) que já apareceu em vídeo por duas vezes guardando dinheiro na cueca (Zequinha Araújo) e nas meias e tem um senador que responde a ações no Supremo Tribunal Federal, acusado de irregularidades quando foi governador de Rondônia?
“Ao contrário, eu ficaria mais transtornado, mais envergonhado se tivesse sido realmente provado que eles eram bandidos e que eles estivessem por aí à solta. O que eu avaliei quando decidi entrar no PMDB? Dos 30 partidos que nós temos no Brasil, eu não to vendo nenhum que não tenha ‘maracutaia’, que não tenha roubo, que não tenha problema”, enfatiza Mário Português, para emendar: “Respondo pela minha conduta e te garanto que jamais verás o nome do Mário Português envolvido em atos ilícitos”.
Vamos à entrevista:
Tudorondonia – Há quanto tempo está radicado em Rondônia e quais as razões que fizeram do senhor um rondoniense de coração?
Mário Português – Estou em Rondônia desde julho de 1973. Há quarenta anos, portanto. Mas já conhecia Rondônia desde 1969.
Tudorondonia – Já morava no Brasil em 1969?
Mário Português – Cheguei ao Brasil em 1962. Em dezembro daquele ano fui morar no Paraná. Fui trabalhar com um tio no início, isso com 16 anos. Com 19 anos fui trabalhar como vendedor no Atacadão. Com 23 anos, saí para abrir meu primeiro comerciozinho em cidade chamada Mário Cruz. Isso em 1969, no ano em que conheci Rondônia. Em 1973, querendo crescer, eu resolvi vir pra Rondônia. Fiquei um ano em Cacoal e depois me estabeleci aqui em Porto Velho. Por que Rondônia? Porque era um lugar que estava em desenvolvimento, um lugar que se tinha mais chance de crescer.
Tudorondonia – E o senhor fazia em Cacoal?
Mário Português – Cacoal estava começando e eu montei a primeira churrascaria a rodízio de Rondônia. Montei em Cacoal a primeira churrascaria com serviço de rodízio.
Tudorondonia – Seu pioneirismo começou trazendo uma novidade pra Rondônia, trazendo o fator migração para Rondônia, trouxe o rodízio à Rondônia.
Mário Português – É, mas eu não sabia nada o que era restaurante. Quando eu vim pra cá era pra eu continuar no ramo de alimentos, que era o ramo que eu tinha minha mercearia no Paraná. Só que eu não queria mais varejo, e o dinheiro que eu tinha não dava pra montar um atacadinho. E surgiu a oportunidade de comprar uma churrascaria em Cacoal. Então, foi isso que me levou a comprar esse restaurante lá.
Tudorondonia – E como era o nome do restaurante?
Mário Português – Churrascaria Gaúcha do Portuga. Aí, quando foi em 1978, entrei no atacado.
Tudorondonia – Aqui em Porto Velho já?
Mário Português – Aqui em Porto Velho.
Tudorondonia – E aqui em Porto Velho?
Mário Português – Aqui em Porto Velho montei o restaurante logo em seguida. De 1973 a 1978 eu mexi com restaurante em Cacoal, Ji-Paraná, Ariquemes e Porto Velho.
Tudorondonia – Havia uma rede de restaurantes?
Mário Português – Isso mesmo.
Tudorondonia – Também foi pioneiro nisso?
Mário Português – Isso. O Hotel Ariquemes, ali em Ariquemes, também era meu.
Tudorondonia – Aqui em Porto Velho, onde era o seu restaurante?
Mário Português – Na Pinheiro Machado, onde funcionou aquela boate Companhia, era a churrascaria Chopinho. Aí em 1978 entrei no atacado. Em 1990 eu parei com comércio, não queria mais mexer com comércio, e aí em 1996 resolvemos voltar ao comércio, os filhos já estavam grandes, e aí foi quando nós abrimos a Distribuidora Coimbra.
Tudorondonia – Qual foi a dinâmica que levou Mário Português, desde 1978 até agora nos anos 2013, a se tornar o terceiro maior atacadista da região norte?
Mário Português – Essas coisas acontecem naturalmente. Eu nunca premeditei assim: eu vou ser o maior, eu vou ser grande. Eu vou trabalhar. Uma coisa que sempre tive em minha mente é: tem de ser sério, tem que trabalhar com honestidade, mais nada. O resto é uma conseqüência. Você crescer, se tornar uma empresa grande, isso é uma coisa natural. E agora, porque que eu acho que chegamos aonde a gente chegou? Trabalho, muita dedicação, muito trabalho.
Tudorondonia – E o que fez o Mário Português nesse intervalo aí de 1990 até 1996?
Mário Português – Trabalhando na minha fazenda.
Tudorondonia – Quantos funcionários têm hoje suas empresas?
Mário Português – A Coimbra hoje tem uma média de dois mil funcionários.
Tudorondonia – O senhor disse que não abre mão de trabalhar com honestidade, com seriedade, como imprimir essa marca em meio a dois mil funcionários?
Mário Português – É dando exemplo, é trabalho. E cumprir as obrigações, esperando que os outros cumpram as obrigações deles. Hoje estou afastado, não tenho mais nada a ver com os negócios da empresa, hoje estou voltado para área do agronegócio. Estou começando a implantar um projeto de agricultura extensiva a 70 km de Porto Velho. Estou montando um confinamento, estou plantando soja, milho e arroz.
Tudorondonia – E quem cuida das empresas hoje?
Mário Português – São meus filhos.
Tudorondonia – Quantos filhos?
Mário Português – São os dois que trabalham. Um que é filho biológico e outro adotivo. São os donos hoje da Distribuidora Coimbra.
Tudorondonia – O seu afastamento da Coimbra se deu apenas para o senhor se dedicar a atividade do agronegócio ou também porque o senhor tinha uma expectativa e uma vontade de entrar na política?
Mário Português – Quando eu me afastei da Coimbra realmente foi em 2006. Em outubro de 1996 falei: vou sair da empresa, daqui a dez anos, ou seja, em outubro de 2006, se vocês cumprirem o que nós estamos conversando agora, vocês serão os donos da Coimbra. Eles cumpriram com o que combinamos e eu me afastei. Dois anos, dois anos e meio depois, precisei voltar para a distribuidora Coimbra para ajudar eles a segurarem a coisa no rumo certo. Quando foi em 2012 resolvi entrar na política, aí me afastei totalmente. Falei: agora não contem mais comigo. O que hoje faço na Coimbra é assessoria, conselhos, exemplos, consultoria e segurança, pronto.
Tudorondonia – Reorientação de rumo, se for o caso?
Mário Português – Isso mesmo.
Tudorondonia – Mas, como homem do agronegócio, a sua ideia de investir na plantação de soja, na lavoura de modo geral, também está visando o mercado externo ou só mercado interno mesmo?
Mário Português – Estou trabalhando para aumentar a produção de alimentos em nosso município, mas também viso o mercado externo. Soja e milho para exportação. Em paralelo, estou montando o confinamento e vou produzir comida para os bois. Tive a sorte de fazer o projeto no Basa, que liberou, talvez, um dos maiores projetos, se não o maior, com CPF de Rondônia. E aí só Deus sabe onde é que vai parar.
Tudorondonia – E o que o motivou a caminhar para a política partidária?
Mário Português – O que me motivou na verdade é a ansiedade de mudança, a vontade de retribuir a Rondônia um pouco do muito que ele me deu. Eu acredito que posso melhorar muita coisa, a exemplo do que faço na iniciativa privada, eu poderei mudar o jeito de administrar a coisa pública.
Tudorondonia – Mudar o quê? Mudar a política ou mudar o jeito de administrar?
Mário Português – Mudar o jeito de administrar. Trabalhar com mais seriedade, com mais competência. Eu acho o seguinte: um administrador, seja ele político, seja ele da iniciativa privada, tem de ser administrador, na essência da palavra. E o que a gente vê muito? É político que não tem experiência nenhuma como administrador, e aí acontece o que a gente vê, eles são meros coadjuvantes, eles não fazem nada.
Tudorondonia – O senhor acha que sua visão empresarial poderia ser aplicada na administração pública?
Mário Português – Sim, lógico. E um pouco diferente porque a administração pública tem suas peculiaridades e é tudo regido pela Lei, mas, é preciso administrar com seriedade e respeito ao dinheiro do contribuinte. Administrar é administrar, tanto na vida privada quanto na vida publica. É gastar menos do que ganha. É gastar menos que arrecada. É fazer mais com menos. É acabar com a corrupção. Porque na iniciativa privada também existe corrupção. Agora mesmo eu estou assistindo a uma novela, que está acontecendo um fato ilustrativo disso: o diretor do hospital está fazendo ‘mutretagem’ com os negócios do pai dele. Então tem muito isso na iniciativa privada também. Agora eu defendo seriedade. Se a pessoa fizer a coisa com seriedade, comprar mais com menos e trabalhar com planejamento, ela vai contribuir para desenvolver o Estado.
Tudorondonia – Mas tem duas visões de lucro nessa nossa conversa, a visão do lucro empresarial privado, que é lucro patrimonial, financeiro e o lucro público, que é o bem social. Nesse caso aí qual seria a sua resposta para esse lucro público hoje?
Mário Português – Lucro social são melhores escolas, melhores hospitais, melhores estradas, mais segurança, enfim, isso é lucro resultante de uma administração feita com seriedade.
Tudorondonia – Mais conforto na cidade?
Mário Português – Lógico. Tudo isso é mais lucro para a população e vai impulsionar o desenvolvimento. E se a população estiver com boas escolas, boas creches, bons postos de saúde, enfim, segurança, o lucro será de todos.
Tudorondonia – Normalmente o político de carreira quer ser candidato a qualquer cargo, ele que ser candidato a vereador, a deputado, a senador, governador. No seu caso, o senhor já declarou num determinado momento que seu sonho é ser prefeito de Porto Velho. No entanto, vamos ter eleição no ano que vem e não vai ser eleição municipal. O senhor está planejando disputar uma eleição em nível estadual, em nível federal ou continua focado na possibilidade de se tornar prefeito da capital?
Mário Português – Eu não serei candidato a um cargo legislativo. Eu não tenho perfil para legislar. O meu perfil é para administrar. E, respondendo à sua primeira observação, o político quer ser político a qualquer cargo é porque não tem patriotismo. O homem que se candidata sem saber se vai ter competência para administrar é um zero à esquerda. Na verdade, para falar o português claro, você tem que ter o discernimento necessário para saber: eu tenho competência para cuidar bem daquilo ou não? Eu não posso ir a um tribunal defender um réu, porque eu não tenho experiência acadêmica no direito, tenho vivência, mas, não experiência. Então, o político que se presa, que realmente queira o melhor para a população, só se candidata se perceber que tem condições de administrar. E não é só ser um bom administrador não, é saber se ele tem tempo, se ele tem estilo e se ele tem ética. Se ele tem condições de ter moral para dizer: não aceito isso. Não é só você querer fazer, que na vida não se faz o que se quer, se faz o que se pode.
Tudorondonia – O senhor foi candidato a prefeito de Porto Velho, sua primeira experiência como candidato, no ano passado e num determinado momento criou-se uma polêmica com uma declaração sua, afirmando que Porto Velho precisava deixar de parecer uma favela. Isso foi inclusive usado contra o senhor na campanha eleitoral. Nove meses depois da posse do prefeito Mauro Nazif, o senhor mudou de opinião em relação à aparência da cidade ou acha que ela está melhor ou pior?
Mário Português – Meu amigo Carlos Araujo, está gravado isso que vou dizer. Na campanha, quando tivemos um debate na Uniron eu disse o seguinte: quero mudar essa nossa cidade, transformá-la uma cidade mais bonita, porque Porto Velho se parece com uma favela, não disse que Porto Velho era uma favela. Agora, teve candidatos que na hora ficaram quietos, como é o caso da Mariana, que era a vez dela responder. O candidato que se doeu foi o Mauro e, á época, eu pensei que, por ter reagido daquela maneira, viria a ser o melhor prefeito que Porto Velho já viu. No entanto, está demonstrando totalmente o contrário. Esse é o nosso atual prefeito. Na campanha, se doeu, fez um estardalhaço com minha declaração, disse que não admitia que eu falasse aquilo. Ele sabe muito bem que eu não falei que Porto Velho é uma favela, eu disse Porto Velho parece uma favela. Agora, foi uma jogada dele para arrumar mais votos. Ele levou o assunto pra mídia de forma maldosa, adulterando um vídeo, alterando o que eu disse. Aliás, esteve semana passada aqui em meu escritório a pessoa que me disse que foi uma das causadoras da mudança, foi ela quem modificou o vídeo alterando a minha fala. Não vou falar o nome dela para não complicá-la, mas ela disse para mim isso aí. Com toda aquela encenação do nosso prefeito, com todo aquele estrelismo, eu pensei que realmente ele iria deixar Porto Velho como uma metrópole, mas ele está deixando ela pior do que estava. Então, se não parecia uma favela, ele está perdendo tempo em não ter arrumado isso aqui melhor.
Tudorondonia – Nesse caso, será que o empresário Mário Português não precisaria de um pouco mais de malícia política?
Mário Português – Deixe eu lhe falar. Esses dias me perguntaram algumas vezes: seu Mário o que faltou para o senhor ganhar a eleição no ano passado? Eu disse: faltou experiência de campanha. Se eu tivesse experiência política, se eu tivesse a experiência que tenho hoje, eu não teria deixado roubarem como me roubaram na campanha. E nem teria falado coisas que eu falei. Por exemplo, eu dizia assim: nenhum vereador será secretário da prefeitura. Isso não se fala, isso se faz sem se falar. Só vai ser secretário ou só vai tomar conta de alguma coisa na prefeitura aquele cara que não tenha nada contra ele, ficha limpa. Também isso não se falaria. Teve pessoas aí que queriam me ajudar na campanha se eu garantisse os contratos que eles tinham na prefeitura. Eu disse: não tem conversa. Teve candidatos que se elegeram vereador, que me procuraram com a seguinte proposta: eu vou lhe apoiar agora e, se eu for eleito, o senhor vai me fazer presidente da Câmara. Eu falei: ok, se você for o mais votado, vou trabalhar para você ser o presidente da Câmara. Ele falou: não, não é assim. Tem que comprar, tem que comprar o voto do vereador. Eu falei: então estou fora. O resto você sabe também. Então, na verdade faltou malícia política para o Mário Português, faltou ele esperar fazer primeiro e falar depois. Eu primeiro falei para depois fazer e eu tinha que fazer primeiro pra depois falar. Mas isso é a vida. E me serviu de aprendizado. Eu nunca tinha sido candidato a nenhum cargo político. A minha intenção era ser o melhor prefeito que já teve em Porto Velho. Como eu iria fazer isso? Eu iria administrar com sinceridade, com honestidade, comprando mais com menos, porque isso é possível. É possível, porque tem muita gente que paga nessa caneta 30 centavos (mostrando a caneta com que rabiscava enquanto concedia a entrevista) aí, vai lá outro e compra-a por 20 centavos entendeu? E eu queria usar isso na vida pública, mas a população não entendeu, quem sabe em outra vez vá entender.
Tudorondonia – O Mário da Coimbra foi um sonegador de imposto em algum momento?
Mário Português – Veja só. Sempre trabalhei de acordo com a Lei. Quando eu abri o meu primeiro comércio foi em 1969, então está hoje com 45 anos. Agora, não fiz nada no comércio de que eu me envergonhe. Tudo o que foi feito nos meus negócios foi dentro do permitido pela legislação. Agora, o que eu posso dizer pra você e para quem for ler essa entrevista: eu não preciso ter vergonha do que eu fiz na minha vida toda.
Tudorondonia – Qual é a sua opinião em relação ao julgamento no Supremo Tribunal Federal do chamado Mensalão?
Mário Português – Eu acho que isso é hoje uma das vergonhas nacionais, porque eu tenho 50 anos no Brasil e nunca vi uma coisa vergonhosa na política como a gente está vendo. Está se discutindo muito embargos infringentes, que a legislação permite, que a lei permite, porque as regras do tribunal permitem. O que eu acho é que teria que se discutir o seguinte: o que é que o Mensalão queria fazer? O que é que esses políticos queriam fazer? Eles queriam tomar de assalto o Estado brasileiro. Eles queriam mandar. Eles queriam fazer de uma maneira que eles fizesses o que eles bem entendessem. Então, agora, se o infringente está direito é outra coisa. Porque eu analiso da seguinte maneira: aquele camarada ali matou a estudante Naiara, mas, eu não tenho como provar que foi ele quem matou, mas, eu sei que foi ele quem a matou. Então eu vou ter a minha condenação pra ele, mas ele não será condenado perante a Justiça, por falta de provas. Hoje nós dependemos de um homem, que estou torcendo para que ele não aceite os embargos infringentes, e também pode aceitá-los e não dar as prerrogativas que eles querem. Ele pode aceitar. Nós aceitamos, mas vocês já estão condenados. Porque é a primeira vez que eu vejo uma ação transitada em julgado, novamente sendo julgada. Então quer dizer, são as válvulas de escape. Agora, o que importa é que esses homens já foram condenados. Se serão presos ou não isso é problema da Justiça. Perante a opinião pública já estão condenados. Todo mundo sabe quem é o caso Donadon, todo mundo sabe o que o Donadon fez. Agora se a Câmara o isentou, isso é outro problema.
Tudorondonia – Nesse caso qual é a sua opinião sobre a Operação Apocalipse?
Mário Português – É outra situação que eu to avaliando sob o que eu to vendo na imprensa. Causa-me estranheza, você de repente ter uma operação, prende ou afasta um monte de gente, que depois essas pessoas são anistiadas, são absolvidas ou não são denunciadas pelo Ministério Público. Então, eu não sei se foi apressado o julgamento, eu não sei explicar, precisava ler realmente o inquérito, o processo todo pra entender, ta difícil de entender. Agora, infelizmente na política tem muitas versões que correm por isso ou por aquilo. Eu sempre digo aos meus filhos o seguinte: quem fala muito dá bom dia a cavalo. De repente fica se falando demais. É como certas pessoas ficam falando, fulano de tal é bandido, fulano de tal é ladrão, fulano de tal rouba, mas, não consegue provar. Então, não resolve nada isso aí. Essa é minha opinião.
Tudorondonia – O senhor reconhecidamente tem a fama de ser um homem honesto, um homem sério, mas o senhor se filiou recentemente ao PMDB. O senhor não se incomoda de se filiar a um partido que tem um deputado estadual preso aqui em Rondônia, e outro federal preso lá em Brasília, inclusive criando problemas sérios para Câmara Federal?
Mário Português – Não, pelo contrário. Eu ficaria mais transtornado, mais envergonhado se tivesse sido realmente provado que eles eram bandidos e se eles estivessem por aí a solta. O que eu avaliei quando decidi entrar no PMDB? Dos 30 partidos que nós temos no Brasil, eu não to vendo nenhum que não tenha ‘maracutaia’, que não tenha roubo, que não tenha problema.
Tudorondonia – Mas o PMDB ainda tem um deputado que já fora flagrado duas vezes escondendo dinheiro na cueca e na meia e não tomou nenhuma providência contra ele.
Mário Português – Sim, o PMDB tem isso aí, mas têm outros que tem a mesma coisa. Você já viu, por exemplo, o partido do Paulo Maluf. O Paulo Maluf faz 30, 40 anos que dizem que ele é ladrão, que ele é bandido, já prenderam o dinheiro dele, já foi até preso. E ele anda hoje ainda por aí. Então, se a gente analisar por aí, por esse lado, você não se filia a nenhum partido, ou então, teria que criar um partido só para você. Porque o partido depende de pessoas, e eu acho que o mais importante é não deixar a laranja podre contaminar as boas. Eu tenho certeza de uma coisa: eu posso ficar 100 anos no PMDB, você nunca me vai ver endossar uma ‘maracutaia’ de qualquer pessoa do PMDB. Se fez errado e eu tenha a condição de provar, ele está condenado perante a minha pessoa.
Tudorondonia – Em sua opinião, as hidrelétricas construídas no rio Madeira, foi bom ou foi ruim pra Rondônia e, sobretudo, para Porto Velho, que é uma cidade que o senhor ainda pretende administrar?
Mário Português – Eu sou muito radical. Eu defendo desenvolvimento. É impossível você desenvolver uma região, um país, sem atrapalhar algum setor. Se você analisar pelo lado que vai alagar um pouco, as áreas, que vai estragar um pouco a parte de escoamento do rio são ruins. Mas pode-se fazer hidrelétrica sem represar a água? Não pode. Temos água igual a Rondônia? Não tem. Então, nós tínhamos que usar. É bom para Rondônia? É, sim, senhor. Rondônia já tem mais energia. Rondônia está aí há 5, 6 anos na mídia mundial. Está vindo resultado aí. Já ta se falando em escoamento para o Pacífico, via Rondônia, via Porto Velho. Já estamos aí com algumas empresas grandes atuando fortemente, desenvolvendo, aumentando o Porto de escoamento, como a Cagil, e outras empresas grandes. Isso aqui ninguém segura! Acabou! Está acabando o fuzuê das Usinas. Porto Velho está hoje melhor do que há 2, 3 anos atrás no auge das Usinas. Porque hoje está estabilizado. Não é um negócio bom, Carlos. Um terreno não pode valer hoje 100 mil e daqui a um mês está valendo 200 mil. É melhor ele valer só 80 mil hoje, 80 mil amanhã, 82 mil e assim por diante.
Tudorondonia – E, em sua opinião, aquelas verbas chamadas de compensaçõesforam bem aplicadas na cidade? A cidade se beneficiou delas?
Mário Português – Aí, sim. Aí você está mexendo na minha horta! Foram mal aplicadas! Foram mal administradas! E foram mal pedidas, mal requeridas.  Se na hora, tivessem aqui as pessoas interessadas nisso, elas tinham pegado mais dinheiro, mais compensação das Usinas, das empresas, e teria administrado melhor. Normalmente, quando o dinheiro é de graça, a tendência até na vida privada, é largar por conta. Agora, imagina na vida pública. É aquela história que eu falei no início… ‘Fazer mais com menos’. Agora, porque o dinheiro é de graça, eu não vou pechinchar, não. Eu vou te contar uma história: eu cheguei de viagem semana retrasada, e havia sido comprado uns objetos, entre eles, uma balança de 100 toneladas. Já tava no projeto, liberado pelo Basa. A minha secretária falou, esta balança custou 83 mil. Não gostei do preço e falei: quero falar com o diretor da empresa. Liguei para o diretor da empresa, e falei assim: quero o mínimo preço que você tiver, pra fechar esse negócio da balança hoje. Você me dá o preço hoje, amanhã eu te mando o dinheiro. Comprei por 74 mil. Mas por quê? Não é porque o dinheiro é emprestado do banco, não. Quem vai pagar o projeto sou eu. O dinheiro que estou emprestando do banco, eu vou pagar. Agora, se eu não quisesse pagar, se eu soubesse que eu não iria pagar, qualquer preço que eu pagasse na balança, estaria bom. Eu vejo aí obras sendo mal feitas, que de obra eu entendo, há 30 e poucos anos, não tem um dia que eu não esteja construindo alguma coisa. Obras públicas mal feitas e com gastos exorbitantes, que poderia ser feita, às vezes, com metade do dinheiro.
Tudorondonia – Qual é a avaliação que o Mário Português faz da atual administração estadual do PMDB, o seu partido?
Mário Português – Eu sou suspeito, Carlos. Eu sou amigo do governador Confúcio. Mas eu acho que nós podíamos estar numa situação melhor. Está muito na moda, dar nota agora né? O Amir deu 5. O senador Raupp deu 6. Eu diria que, nessa faixa aí, de 7 está bom. Mas tinha que estar em 10.
Tudorondonia – Mas esse 7 está levando em consideração a amizade?
Mário Português – Eu acho que falta um pouquinho. Eu digo isso francamente, conheço o Confúcio desde que ele chegou aqui em Rondônia. É um homem sério. Agora, falta, às vezes, para ele um pouquinho de pulso, porque têm vezes, que você tem que dar um murro na mesa, e dizer, é isso aqui! E é isso, e acabou-se!
Tudorondonia – O governador Confúcio Moura voltou a se agitar e talvez ele seja até candidato à reeleição. Ano que vem só vai ter eleição geral para cargos no Parlamento e para o Executivo Estadual. O seu partido tem um candidato a governador, que é o Confúcio Moura, e o senhor? Qual dos dois cargos pleiteará?
Mário Português – É o seguinte. Eu sempre tenho dito que eu não serei candidato ao Legislativo. Conseqüentemente, posso garantir o seguinte: se eu for chamado pelo meu partido pra ser candidato ao Executivo, e se existir consenso dentro do nosso partido, eu estou preparado para ser candidato a governador. Mas, se tiver um consenso, eu já disse isso, e vou dizer de novo para o governador. Eu não serei candidato, se o senhor for candidato. Eu não vou, por exemplo, bater chapa numa convenção. Se existir uma voz contra, eu não lanço minha candidatura. A primeira pessoa, a principal pessoa que teria que dizer se vai ser ou não é o governador Confúcio. Fora de cogitação. Eu não quero carreira política. Vou frisar de novo: eu não quero carreira política! Se precisar ser candidato a governador para melhorar o Estado, aí eu estou disposto. Mas não é para fazer carreira, não. Carreira política eu não quero, porque eu já tenho uma carreira maravilhosa, de empresário, de homem de negócios, homem desbravador, homem empreendedor, e de pioneirismo também. Estou entrando em um novo empreendimento, que daqui a 2, 3 anos, nós vamos ver lavoura aqui, no município de Porto Velho, graças à minha iniciativa. Aliás, quero lhe dar uma informação: um dos maiores grupos de plantação de soja do Brasil, que é do Mato Grosso, o Grupo Mazutti já está aqui na Linha Triunfo. E a primeira pessoa que falou com eles, oferecendo terra, pra eles virem pra cá, foi o seu Mário Português. Seu Juca Mazutti sabe disso. Plantio de soja, milho e outras coisas mais.
Tudorondonia – Seu Mário, eu não poderia deixar de fazer essa pergunta, tendo em vista que o senhor foi uma das personalidades da eleição do ano passado. Qual é a sua avaliação da administração do prefeito Mauro Nazif? Qual seria a nota numa escala de zero a 10?
Mário Português – Olha, pode até assim soar como ciúme ou inveja, mas eu gosto muito de ser positivo, gosto muito de ser sério. Não precisa eu dar nota para a administração atual. Deixa o povo vê isso aí. É a insatisfação que temos aí diariamente da população que está dando a nota para o nosso prefeito. Ele seria o primeiro a ver se está fazendo as coisas que têm que serem feitas. Porque ele disse que ia acabar com os buracos. Está começando as chuvas, e ele não acabou com os buracos. Nem na Rua da Beira, onde ele teve que pedir para o governador fazer, porque não deu conta. Os viadutos ele não deu conta de fazer, a Rodoviária não deu conta de fazer. Desculpem-me, mas não vou me prolongar nessa análise. Isso eu deixo para a imprensa e a população avaliarem.
Tudorondonia – O Senhor ainda guarda da campanha alguma mágoa do ex-candidato Garçom?
Mário Português – Não, não guardo mágoas. Só não vou esquecer nunca o que ele falou de mim. Porque não tinha motivos. Como nunca esquecerei que o Dr. Mauro mentiu quando dizia na campanha dele, que eu tinha dito que Porto Velho era analfabeta, nunca vou esquecer isso. Aliás, fui convidado pra participar junto do trabalho deles, e falei: nós não temos condição de trabalhar juntos. Não temos afinidades. Agora, o Garçom, eu acho que ele engana até a ele mesmo. Na verdade, sim. Ele veio aqui me chamar pra ser vice dele. Depois ele disse que fui eu quem o chamou. Aí, enfim, é só ‘trafulice’. Agora, deixa a população avaliar.
Tudorondonia – Mas o senhor colocou em dúvida a rede de apoiamento do Garçom, quando o senhor perguntou de onde vinha os recursos para financiar a campanha dele?
Mário Português – Eu perguntei para ele quem o estava ajudando, já que ele me pediu ajuda na campanha. Se pediu pra mim, eu não ajudei, quem ajudou ele então?  Porque eu, ninguém me ajudou. Quem bancou minha campanha fui eu.
Tudorondonia – Mas soou como desconfiança de origem, o senhor desconfiava?
Mário Português – Desconfiava que ele não estivesse fazendo as coisas transparentes, porque ele prometia muito, ele prometia tudo, como ele está prometendo agora fazer asfalto no Jardim Primavera, aqui e ali. Dizendo que vai asfaltar, não asfalta nada. Eu queria ver se ele é um cara 100 por cento se ele dissesse assim: governador, não quero mais esse salário que o senhor está me dando, esse cargo, ele não faz nada lá porque que está recebendo salário?.
Tudorondonia – Por que o Mário Português resolveu sair de Portugal e vir para o Brasil?
Mário Português – Nós somos de família muito pobre lá em Portugal e quando eu tinha 14 anos a minha mãe me disse: porque tu não escreves para um tio que tu tens no Brasil, que é rico. Como tu és muito esperto, pede para ele te levar para lá? Foi o que fiz, escrevi para um tio meu, dizendo sou filho de sua irmã tal, porque ele não me conhecia e eu vim pra cá, para quê? Pra melhorar de vida. Foi a mesma razão que me fez vim do Paraná para Rondônia. Para tentar ser maior, ser alguém. Deixei de trabalhar na roça em Portugal para tentar ser alguma coisa na vida, já que não tinha estudado, só tinha o primário. O camarada que não tem estudo, ou vai trabalhar por conta própria, se ele tiver o perfil, se tiver o feeling, ou então vai ficar na roça a vida toda, vai carregar caminhão, vai carregar caixa, o cara sem estudo não faz nada e foi por isso que eu resolvi vir pra cá, vim sozinho com 16 anos.
Tudorondonia – Qual é a sua mensagem seu Mário para o povo de Porto Velho e de Rondônia?
Mário Português – A mensagem para o povo de Porto Velho, de Rondônia e para o Brasil, se tiver oportunidade, é: saiba escolher os dirigentes desta nação, a ciência toda dos bons políticos está nos eleitores. Eles têm que saber escolher, não é escolher por promessa, aquele político que dá isso e dá aquilo. Não deve votar naquele político demagogo que senta no chão, vai tomar café no cara ali. Isso é demagogia. A mensagem é: aprendam a votar. Não votem por interesses, pensem nos interesses coletivos, não nos interesses privados. Essa seria a mensagem que eu deixo para o povo de Rondônia.
Tudorondonia – muito obrigado pela entrevista.

Mário Português – Eu é que agradeço.


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