O Governo de Rondônia contabiliza que mais de 100 propriedades rurais foram invadidas no ano passado. A maioria perto de terras do Estado ou da União e justamente por isso são consideradas áreas de conflito.
O Ministério da Justiça anunciou na última terça-feira (15), uma operação contra invasões de terras públicas e particulares em Rondônia e autorizou o apoio da Força Nacional de Segurança.
Recentemente uma fazenda particular em Chupinguaia (RO), no sul do estado, foi invadida e teve parte da propriedade destruída. A região só foi desocupada quando uma decisão judicial obrigou o grupo a sair.
Esse ano em Abunã, na divisa com o estado do Acre, outra fazenda foi invadida. Funcionários informaram à polícia que chegaram a ser torturados pelos invasores.
“Depois que eles se apossaram da propriedade, começaram as torturas. Mas bater, eles bateram muito em um funcionário, eles botaram deitado de bruços, batiam de facão, de pau, foice, davam tiro”, contou Nadir Luiz, produtor rural.
O governo federal e o governo do estado anunciaram a criação de uma força-tarefa integrada, envolvendo policiais civis e militares. A chamada Operação Rondônia, vai investigar e identificar as organizações criminosas que financiam as invasões de terras. O Ministério da Justiça também autorizou o apoio da Força Nacional. Os agentes devem ficar em Rondônia por 90 dias.
“Esses crimes que acontecem nas áreas rurais do Estado de Rondônia vêm de décadas. Hoje eles estão mais violentos que antes, onde estiverem essas lideranças criminosas, as forças estarão atuando para impedi-las de progredir”, disse o governador Marcos Rocha.
O procurador da república, Raphael Beviláqua, explicou que 70% das terras de Rondônia são públicas, e que não há destinação dessas terras para reforma agrária.
“O governo federal tem adotado a política de regularizar pessoas que compraram títulos e abandonaram a terra, não dando a destinação social e além disso tem incentivado a invasão a unidades de conservação às áreas especialmente protegidas, terras indígenas, com a promessa de liberalizar o garimpo nessas terras e também de regularizar a ocupação em unidades de conservação. Assim os conflitos têm aumentado sim, mas justamente nas áreas protegidas, não naquelas que devem ser utilizadas na reforma agrária”, diz o procurador.
Para Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, é esperado que com autorização do envio da Força Nacional para o estado, os agentes possam coibir as invasões, grilagens e desmatamentos que ocorrem em unidades de conservação e terras indígenas.
“Recentemente veio a público que verdadeiras quadrilhas estavam se organizando e usando até mesmo de redes sociais para divulgar a venda e doação de lotes dentro de unidades de conservação”, lembrou.
Por Maríndia Moura, Beatriz Maciel, Fábio Diniz e Maelly Nunes, Rede Amazônica