PORTO VELHO – Em 1893 a Nova Zelândia tornou-se o primeiro país a conceder à mulher o direito ao voto; e em 1927 chegou a vez do Brasil que, no ano seguinte, na disputa pela prefeitura de Lajes (RN) elegeu Alzira Soriano, que obteve 60% dos votos e sagrou-se a primeira mulher a ser eleita prefeita na América Latina. O eleitorado brasileiro contava, na eleição de 2018, 52,5% de mulheres e 47,5% de homens. Mas, encerrada a contagem de votos um resultado sempre chama a atenção e nos deixa uma pergunta: “Por que, sendo maioria, o eleitorado feminino não consegue fazer, em qualquer das disputas legislativas – Senado, deputados e vereadores – pelo menos uma representação maior que os números finais têm demonstrado?”. Às vésperas de nova disputa eleitoral, a pergunta volta à tona de modo diferente, mas tendo muito a ver com os eventos eleitoreiros anteriores: “Será que desta vez teremos maior número de mulheres eleitas?”. Essa possibilidade existe, inclusive entre nós portolhenses onde o número de eleitoras conforme dados do TRE, em 2019, registrou 172.986 do sexo feminino e 157.733 do masculino. Na disputa pela Câmara da capital em 2016 foram eleitas quatro mulheres, ficando 17 vagas com os homens e, para a Assembleia Legislativa, das 24 cadeiras só duas foram ganhas pelas mulheres, o que volta à pergunta comum: “por que, com maioria de votos, as mulheres não conseguem reduzir essa diferença?” e a outra é “será desta vez?”. [caption id="attachment_279605" align="alignright" width="370"] O historiador Francisco Matias comenta o voto feminino[/caption] Um especialista em análise política, o historiador Francisco Matias, resume: “O voto feminino, historicamente, é uma questão cultural, tem dificuldades em ser definido para mulheres candidatas. E quanto menos escolarizada ou desinformada for a eleitora, mais difícil que ela dê seu voto para outra mulher, enquanto é mais fácil encontrar mulher que vote em outra nos grupos mais politizados ou mais ideológicos”. Sobre a expectativa do voto feminino para este ano, o próprio Francisco Matias continua: “É difícil imaginar que possa haver uma mudança significativa, no voto do contingente majoritário de Porto Velho, ao final da contagem de sufrágios este ano. É preciso uma mudança cultural e isso não vem de uma hora para outra”, concluiu. ]]>