A frase comovente do atual governo, “Brasil, país rico é país sem pobreza”, de longe sacia a sede daqueles que há anos, décadas, esperam por melhores condições de vida. Entra governo, sai governo e as malesas seguem atormentando a vida de uma população, que ainda tem de assistir de camarote mandos e desmandos de uma política que enoja e investimentos bilionários com infraestrutura que serão benefícios aos olhos do mundo por apenas 30 dias.
Assim como a falta de escolas, de condições mínimas e humanas de saúde, saneamento e segurança, o clima impacta e ao mesmo tempo transmite ano a ano, partes de um Brasil esquecido; As estradas federais, administradas e de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), ou seja, do governo federal, estão deploráveis na Região Norte do Brasil.
Não basta chover, ou melhor, a chuva não é a grande causa de centenas de milhares de quilômetros intrafegáveis. Qualquer brasileiro com um mínimo de estudo sabe que nesta região do país existem apenas dois períodos definidos ao longo do ano. São seis meses de chuva e seis meses de seca, o que não justifica, portanto, o governo divulgar notas à mídia dizendo que investimentos não foram feitos ao longo dos últimos 40 anos devido às chuvas.
As estradas, ainda são a “veia” principal do escoamento da produção agrícola do país e muitas vezes, o percurso, principalmente entre as cidades, está totalmente intransitável em áreas de Rondônia, Amazonas e Pará, além do norte de Mato Grosso.
A rodovia BR-429 que liga o centro ao oeste de Rondônia apresenta situação bastante precária em vários trechos, onde nunca o esforço do governo federal supriu com veemência a necessidade de um povo que paga seus elevados impostos sem receber em troca, no mínimo, a dignidade de transitar pelas estradas.
A Transamazônica, ou Rodovia Transamazônica (BR-230), foi construída no decorrer do governo de Emílio Garrastazu Médici, entre os anos de 1969 e 1974. Uma obra de grande proporção que ficou conhecida como uma “obra faraônica”.
Para o desenvolvimento da obra, o governo conduziu para a região aproximadamente quatro mil homens (entre 1970 e 1973), isso com o intuito de abrir estradas e estabelecer a comunicação entre as cidades.
A execução do projeto aconteceu em um período de regime militar no Brasil, a rodovia tornou-se a terceira maior do país, com quatro mil quilômetros, percorrendo os estados da Paraíba, Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas. A Transamazônica corta o Brasil no sentido leste-oeste, por isso é considerada uma rodovia transversal, no entanto, em grande parte, não é pavimentada. Os extremos da rodovia são respectivamente em Cabedelo (Paraíba) e Lábrea (Amazonas).
O objetivo de se construir uma rodovia dessa proporção era para interligar as regiões, especialmente a região Norte, com o restante do Brasil, e povoar aquela área tão desabitada. A inauguração aconteceu no dia 30 de agosto de 1972, a intenção original era que a rodovia fosse pavimentada, ligando a região Nordeste e Norte, além do Peru e o Equador, somando oito mil quilômetros.
São diversos pontos de atoleiro, onde caminhoneiros, que deveriam estar levando o progresso às cidades, passam semanas e até meses longe de casa por culpa de um governo que não investe na infraestrutura de suas rodovias federais.
A culpa não é da chuva que cai todo ano e em períodos certeiros na Região Norte. A culpa é de um governo, mais preocupado em mostrar ao mundo lá fora, a grandeza de seus estádios, a que encarar a realidade com a fragilidade de pessoas morrendo em corredores de hospitais, em escolas sem a mínima condição para aprendizado, em estruturas policiais sucateadas e em estradas miseráveis, que não acompanham, em hipótese alguma, a boa imagem do slogan governamental “Brasil, país risco é país sem pobreza”