
O que inicialmente foi tratado como um grave acidente de trânsito na rodovia MG-050, no município de Itaúna, em Minas Gerais, revelou-se um crime cruel e meticulosamente planejado. A investigação da Polícia Civil confirmou que Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31 anos, foi assassinada por asfixia pelo próprio namorado, que posteriormente simulou uma colisão para tentar encobrir o feminicídio.
Henay, natural de Divinópolis e atuante como personal shopper em Belo Horizonte, mantinha um relacionamento de aproximadamente um ano com o empresário Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos. O casal vivia junto há cerca de sete meses em um apartamento no bairro Nova Suíça, na capital mineira.
Segundo relatos de amigos próximos, o relacionamento era marcado por episódios recorrentes de violência doméstica. A vítima teria sofrido agressões físicas, apresentado ferimentos na cabeça que exigiram atendimento médico e compartilhado com pessoas próximas imagens de hematomas e vídeos de discussões violentas.
No domingo, 14 de dezembro, o veículo em que o casal estava invadiu a contramão no km 90 da MG-050 e colidiu frontalmente com um micro-ônibus que transportava 33 passageiros. Henay morreu no local, e, em um primeiro momento, a ocorrência foi registrada como acidente, com a mulher apontada como condutora do carro.
A reviravolta no caso ocorreu após a análise de imagens de uma praça de pedágio, registradas às 5h56, apenas nove minutos antes da colisão. As gravações mostram Henay completamente imóvel no banco do motorista, enquanto Alison, sentado no banco do passageiro, se estica para pagar a tarifa e tenta manobrar o volante de forma improvisada.
Uma funcionária do pedágio estranhou a cena, questionou se estava tudo bem e ofereceu ajuda. O homem alegou que a companheira estaria passando mal e seguiu viagem. A atitude levantou suspeitas que se intensificaram após a identificação de inconsistências nos ferimentos da vítima, considerados incompatíveis com a dinâmica do acidente.
Além disso, vestígios de sangue encontrados no apartamento do casal reforçaram a hipótese de crime. Diante dos indícios, a Polícia Civil decidiu adiar o sepultamento e solicitou novos exames periciais, que confirmaram que Henay já estava morta antes do impacto, em decorrência de asfixia.
Alison foi preso na segunda-feira (15), durante o velório da vítima em Divinópolis. Em depoimento, ele confessou o crime, afirmando que agrediu Henay após uma discussão, provocou a asfixia e, em seguida, conduziu o veículo a partir do banco do passageiro para simular um acidente causado por um suposto mal súbito.
A investigação ainda apura se o crime teve início no apartamento do casal ou durante o trajeto. Os celulares de ambos foram apreendidos e passam por perícia. Alison permanece preso, com a prisão ratificada pela Justiça, e responderá por feminicídio.
O caso reforça a gravidade da violência doméstica no país e evidencia como a atenção de uma funcionária de pedágio foi determinante para desmontar a encenação e permitir que a verdade viesse à tona.
Crédito: Reprodução/Record




















